O presidente do conselho de administração da ANA, José Luís Arnaut, questionado repetidamente pelos deputados sobre a solução proposta na semana passada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, para as futuras infraestruturas aeroportuárias de Lisboa, num despacho depois revogado pelo primeiro-ministro, tem recusado tomar uma posição.
“Somos uma parte da solução, mas não é a nós que compete a solução, não vamos contribuir para o debate da escolha da localização, que um dia é esta e no outro dia é outra. Enquanto não houver decisão não podermos responder até onde vão as necessidades das futuras localizações”, afirmou José Luís Arnaut, numa audição na Assembleia da República.
José Luís Arnaut sublinhou ainda: “Não vamos falar sobre cenários hipotéticos”. E recusou-se a comentar o despacho revogado. “Não vou comentar um despacho que está revogado. Seria um exercício especulativo”. E afirmou também que foi desmentida pela ANA a notícia de que construiria o futuro aeroporto em Alcochete se o contrato de concessão fosse prolongado por 25 anos. “O alargamento [do contrato de concessão] não foi objeto de negociações com o concedente [o Estado]”, esclareceu.
Já o presidente executivo, Thierry Ligonnière, também presente na audição, deixou claro, a propósito do investimento em futuras soluções aeroportuárias, que o risco de tráfego é partilhado entre a ANA e o Estado. “A ANA faz o investimento à cabeça e depois recupera o investimento ao longo do tempo da concessão. Há uma variável prevista no contrato de concessão, [que diz que a] partilha de risco de tráfego se faz entre o concedente e o concessionário”, explicou o gestor.
A ANA, assegurou José Luís Arnaut, está disponível para “colaborar para que a decisão que for tomada seja a melhor para o país”.
“Eu sei que Portugal é o país de especialistas de aeroportos, todos são especialistas de aeroportos, eu acho que muitos deles não fizeram aeroportos nem de legos, portanto, é um desporto nacional”, afirmou. E salientou o conhecimento da ANA nesta matéria, dizendo que a francesa Vinci, dona da concessionária, é o a terceira maior empresa de gestão aeroportuária do mundo.