Mais de 40 voos cancelados este domingo no aeroporto de Lisboa

Os constrangimentos em vários aeroportos europeus e greves em companhias aéreas como a Ryanair têm estado a provocar o caos em diversos aeroportos.

Terão sido, pelo menos, 65 os voos cancelados este sábado com destino e origem no aeroporto de Lisboa. Os números são da ANA, num comunicado enviado à Lusa. Durante a tarde os cancelamentos aumentaram de 32 para 65. Mas a situação repete-se, com doses ainda maiores de cancelados, um pouco por todo o mundo com 600 voos cancelados nos EUA e centenas em Madrid e Paris.

De acordo com a empresa que gere os Aeroportos de Portugal, mais de 40 voos vão ser cancelados este domingo (pelo menos 23 chegadas e 18 partidas).

A informação da ANA mais recente avançada este domingo pelas 14 horas estima que sejam cancelados 22 voos com destino e partida de Lisboa- 11 chegadas e 11 partidas- no Aeroporto Humberto Delgado, apontando como uma das causas para esta situação os “constrangimentos” registados em vários aeroportos internacionais.

Neste contexto, e como já havia aconselhado a ANA aconselha “os passageiros com voo marcado para este domingo, dia 3 de julho, para contactarem as companhias aéreas antes de se deslocarem para o aeroporto”.

“Devido a um conjunto de constrangimentos em vários aeroportos europeus, estão previstos [para sábado] 65 voos cancelados – 40 chegadas e 25 partidas”, informou a ANA. Neste âmbito, “o aeroporto de Lisboa implementou medidas para apoiar as companhias aéreas, nomeadamente a instalação de balcões móveis suplementares para reagendamento de voos”, afirma a empresa concessionária dos aeroportos, indicando que foram também reforçadas as equipas de apoio aos passageiros e distribuição de águas.

Há ainda outra razão a ser invocada. O incidente com um jato privado e consequente encerramento da pista no aeroporto de Lisboa, na sexta-feira, terá afetado e fez divergir para outros aeroportos muitos voos da TAP, disse à Lusa fonte oficial da transportadora aérea.

“A pista no aeroporto de Lisboa não esteve operacional durante algumas horas na sexta-feira, 01 de julho, à tarde, devido a um incidente com um jato privado. Em consequência, muitos voos da TAP foram afetados e divergiram para outros aeroportos”, afirmou a fonte da TAP.

“Aconselhamos os passageiros com voo marcado a contactarem as companhias aéreas”, indicou a ANA. Em causa estão, segundo informações recolhidas no referido ‘site’, voos com destino várias cidades europeias, mas também a Filadélfia, Acra, Dakar, Porto Santo e Varadero.

O aeroporto do Porto, por outro lado, registou este sábado o cancelamento de uma partida com destino a Amesterdão e de duas chegadas.

Os cancelamentos de voos aliados ao aumento da procura têm gerado a criação de longas filas nos aeroportos, com muitos passageiros a queixarem-se das horas perdidas à espera da bagagem e a reportarem o facto de apenas conseguirem recuperar as malas dias depois de terem chegado.

Greves na Europa

Na Europa, os atrasos e cancelamentos são provocados sobretudo por greves, seja de funcionários de aeroportos, seja de companhias aéreas. Em Paris, a greve de trabalhadores cancelou dezenas de voos no aeroporto de Paris Charles de Gaulle (CDG), enquanto em Madrid 15 voos foram cancelados e outros 175 sofreram atrasos devido a greves na EasyJet e Ryanair.

Os funcionários dos Aeroportos de Paris (ADP), grupo controlado maioritariamente pelo Estado, e os subcontratados associaram-se ao movimento de contestação social intersindical, de acordo com a direção. Os cancelamentos afetaram um voo em cada cinco entre as 7h00 e as 14h00 de hoje nas chegadas e partidas do Paris CDG, contra um voo em cada seis na quinta-feira e na sexta-feira. Isto representa 150 voos suprimidos em 1.300, de acordo com um porta-voz do grupo ADP.

O outro grande aeroporto de Paris, Orly, não foi afetado pela greve. As negociações salariais não foram concluídas na sexta-feira e a mesa negocial permanece aberta, disse o porta-voz do ADP.

Em Madrid, pelas 13h locais, cinco voos da companhia de baixo custo EasyJet e 10 voos da também ‘low cost’ Ryanair tinham sido cancelados e 175 outros sofreram atrasos, dos quais 52 da easyJet e 123 da Ryanair, segundo números avançados pelos sindicatos em comunicado.

Na Ryanair, os representantes do sindicato espanhol USO já anunciaram três novos períodos de greve, de quatro dias cada: de 12 a 15 de julho; de 18 a 21 de julho; e de 25 a 28 de julho, nos 10 aeroportos espanhóis onde a companhia irlandesa opera. A greve na Ryanair pretende obter melhores condições de trabalho para os 1.900 assistentes de cabine da companhia em Espanha. Já o pessoal de cabine da easyJet reivindica um alinhamento das suas condições de trabalho com as dos seus colegas no resto da Europa.

Feriado e férias nos EUA

Os EUA estão em fim-de-semana alargado, com o feriado de 4 de julho e início de férias, pelo que este sábado foram cancelados 600 voos até meio do dia. Os dados constam do ‘site’ flightaware.com e estão a ser citados pela agência AFP.

A situação foi ainda pior na sexta-feira, segundo o mesmo ‘site’ especializado, que na sexta-feira registou cerca de 3.060 voos cancelados e quase 8.000 atrasos.

Esta situação está associada a uma redução de pessoal em cerca de 15% nas companhias aéreas dos Estados Unidos face ao período anterior à pandemia de covid-19.

As empresas do setor dizem estar a trabalhar para resolver o problema, intensificando as campanhas de recrutamento de pilotos e de outras categorias de pessoal e reduzindo o número de lugares disponíveis para os passageiros.

Os funcionários das companhias aéreas mencionam outros fatores externos agravantes, em particular climáticos ou devido à covid-19.

Numa publicação na rede social Twitter, o secretário dos Transportes dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, lembrou este sábado os passageiros de que estes têm direito a um reembolso em caso de cancelamento do voo.

A notícia foi atualizada às 14 h e 48 minutos